quarta-feira, 24 de março de 2010

Chucha?!

Hoje em dia é quase impossível pensar num bebé e não ver uma chucha...
Uma das primeiras prendas que a moyinha recebeu, ainda na barriga, foram precisamente várias chuchas, de diferentes formas e feitios porque:
1 - "eles não gostam de todas as formas e tens que experimentar várias"
2 - "não há chuchas a mais: é melhor andar sempre com uma ou duas porque assim tens sempre uma disponível".
De diversos formatos e tamanhos, elas estão aí, a solução fácil e até recomendada para os nossos problemas... Será? Já escrevi um post sobre este assunto, mas depois de ler o texto seguinte, continuo a achar que nem tanto ao mar nem tanto à terra... É verdade que o mercado nos "impinge" este artigo como "imprescindível" mas também é verdade que o seu uso não está isento de riscos para os nossos filhos (a nível do crescimento da boca e dentes e da própria amamentação)... Então o que fazer? Primeiro que tudo, OIÇAM o vosso bebé. Depois, apesar do vosso espírito de sacrifício, OIÇAM o vosso corpo de mães.
É muito raro um bebé pequenino gostar de chucha à partida. No entanto, ela pode vir a dar jeito 1-quando vocês não podem acudir imediatamente ao bebé (estão a conduzir, ao telefone, etc) por um tempo reduzido (se virem que está a demorar muito, aconselho a parar e acudir ao bebé).
2-quando deixam o bebé com alguém (que não tenha mamas para oferecer ao vosso bebé): embora o polegar seja uma boa opção, muitos bebés não chucham os dedos e é bom ter algo que os acalme
3-quando vocês estão à beira de um ataque de nervos, seja por não terem tido 2 minutos para ir fazer xixi ou terem os mamilos "a cair" de dores... Fazer um pequeno intervalo é benéfico para vocês.
Nós continuamos a só usar a chucha em ocasiões muito raras: a moyinha acha-lhe graça, mas é mais para a morder ou a tirar e pôr da nossa boca. É mais usada quando saímos (às vezes ajuda-a a adormecer) ou quando a deixo com alguém. Noto que ela interage muito mais com o mundo (pondo coisas à boca, dizendo pequenas sílabas, palavras ou grunhidos) que alguns bebés que usam chucha várias horas por dia.

Depois destas reflexões, deixo o artigo, por Fabíola Cassab...
///
“Fá, vamos dar a chupeta, é melhor dar chupeta do que deixá-la chupar o dedo!”
///
"Esta foi à sugestão do meu marido, depois de 3 dias em casa, com uma bebê que não parava de chorar e uma mãe com o bico rachado rezando por um minuto a mais de descanso – eu estava a beira de um ataque.
///
Não tínhamos comprado nenhuma chupeta para ela porque sempre achei que a chupeta era um “objeto” de total inutilidade. Mas diante de toda esta situação, lá foi meu marido a uma dessas mega lojas de bebê para comprar o utensílio.
///
Como é muito corriqueiro em bebês novinhos, Paola não aceitou a chupeta em um primeiro momento, mas insistimos com a famosa mão segurando a chupeta, até que finalmente ela atendeu aos meus anseios. E “puft” meu bebê passou a usar chupeta. Afinal, a boca é a porta de entrada de muitos prazeres, do feto ao mais experiente dos seres humanos. Paola aprenderia a sentir prazer com a chupeta e eu, sua mãe, totalmente desesperada, ganharia mais uns minutinhos entre o início e o final das mamadas.
///
Bem neste período passávamos por enormes problemas de amamentação. Além do peito rachado, Paola não engordava e iniciávamos a via sacra de inúmeros pediatras e complementos da mamada.
///
Engraçado que, em nenhum momento pensei em tirar a chupeta. Pelo contrário, a chupeta passou a ser usada como minha aliada. Sinto hoje que muitas informações não estavam claramente expostas a mim. Eu jamais deveria ter dado a chupeta para minha filha com os meus peitos rachados. Pois, se os peitos estão machucados, na grande maioria das vezes é por problema de pega.
///
E como bebês novinhos ainda estão aprendendo a mamar, quando eu incluo o bico artificial da chupeta acabo atrapalhando ainda mais o problema. Desta forma dificultei o aprendizado da minha filha.
Um outro porém era o momento que eu dava esta chupeta. Sempre dava a chupeta no final das mamadas, quando a Paola sugava um pouco e parava e sugava de novo e parava. A minha visão daquele momento era: minha filha estava chupetando. E chupetar em nossa sociedade era um mal costume que precisaria ser tirado. Mas eu estava muito mal informada, esse “chupetar” era a mais valiosa mamada, era a mamada “perfeita”. Era o momento em que a Paola mamaria o leite gordo.
///
Esse é um dos motivos que fazem os bebês que chupam chupetas mamarem menos: na realidade eles mamam mais o leite magro, que mata a sede e faz crescer, do que o leite gordo que, logicamente é o leite que engorda.
///
Superamos vários de nossos problemas de amamentação e permanecemos com a chupeta, usada principalmente em dois momentos: para ela largar o peito e dormir e à noite para ela não chorar.
Nenhuma mãe gosta de ver seu filho chorar e, lógico, eu não sou diferente. Engraçado, porque deveríamos ter uma maior tolerância a este choro. Afinal, o choro é uma forma de comunicação. Aliás uma das únicas formas de comunicação de que dispõe uma criança que não fala ainda. E aqui em casa a chupeta era, sim, uma forma de calar violentamente minha filha. Pensei muitas vezes em tirar a chupeta, mas era vencida sempre pelo medo de ficar sem ela.
///
Meu discurso que no início era radicalmente contra a chupeta foi se abrandando até o momento em que eu procurava argumentos para defender o uso da chupeta e ainda justificar que não faria mal, pois toda mãe sempre deve procurar o que há de melhor para seu filho.
///
Em maio de 2006, tive a oportunidade de ajudar a fundar a Matrice, um grupo de mães que ajudam outras mães a amamentar. A partir daquele momento virei oficialmente ativista da amamentação. Em agosto de 2007 fui convidada a fazer um curso da IBFAN, para também integrar esta ONG.
///
Como eu tirei a chupeta? Quando a Ana Julia, uma super pediatra, deu uma introdução de manejo de aleitamento. Foi nesta aula maravilhosa da Ana Ju que me deparei frente a frente com informações que me fizeram tirar a chupeta da Paola.
///
E, olha, eu já tinha feito outros cursos de amamentação mas nenhum atingiu tanto minha alma como este. A Paola já tinha 2 anos e meio, e troquei a chupeta pela bicicleta.
Sim, eu estava tão certa que tiraria a chupeta que não encontrei grandes resistências da Paola. Pelo contrário, foi mais fácil do que eu imaginara. À noite ela reclamou um pouco e na outra, para então nunca mais. A noite que ela reclamou, fomos lá no quarto dela, demos beijinhos e ela voltou a dormir, sem maiores problemas.
///
Dias depois de ganhar a bicicleta, a Paola veio me pedir de novo pela chupeta. E, para convencê-la a não a voltar à chupeta, mostrei as fotos (aquelas bem horrorosas) que mostram o mal que a chupeta faz à boca de uma pessoa. Ela desistiu na hora!! Fui forte demais? Talvez... mas foi a minha forma. Foram-se as chupetas!!
///
Com certeza, quando eu tiver um próximo bebê, eu não usaria a chupeta de novo. Pelo menos eu não concebo esta idéia hoje.

Quanto custou a chupeta em casa?
///
Pois sim, chupetas dão gastos e, acreditem, existe um buraco negro onde elas se escondem. Uma vez dependente deste utensílio, quando esquecemos, perdemos ou algo assim, compramos outra, afinal é impossível ficar sem elas. Fazendo um cálculo por cima de quanto gastamos em chupetas em casa, fica assim:
  • Tipo 1 (de 0 a 6 meses) – 12 reais cada uma, devo ter tido umas 15 chupetas (total: R$ 180);
  • Tipo 2 (de 6 meses a 18 meses) – 12 reais cada uma, chegamos a ter 12 chupetas destas (total: R$0 144);
  • Tipo 3 (de 18 meses em diante) – 12 reais cada uma, chegamos a ter 4 destas quando Paola largou a chupeta, ela não gostava muito destas (total: R$ 48).///
Portanto, calculando por cima, gastamos em chupeta R$ 372,00. E aí, o que você faria com esse dinheiro?

Alguns aspectos técnicos que não estão na bula das chupetas:
  • bico artificial pode interferir no aprendizado de sucção do bebê;
  • alguns bebês podem desenvolver uma preferência pelo bico artificial;
  • bebês que chupam chupeta tendem a ser amamentados menos vezes ao dia;
  • diminuição na sucção e na retirada do leite materno levam à redução de sua produção;
  • o bebê deixa de respirar pelo nariz, fazendo assim a respiração oral. Esta respiração faz com que o ar não seja filtrado pelos pelos nasais e o ar entra frio (pois uma das funções é aquecer o ar) e também não umidece este ar, causando assim todas as “ites” que existem por aí;
  • confunde o movimento da mamada;
  • bicos artificiais alteram os padrões de respiração e sucção do bebê (expiração prolongada, freqüência respiratória e saturação de oxigênio reduzidos);
  • cáries de alimentação em crianças são mais comuns com o uso de mamadeiras e chupetas;
  • má oclusão dental é mais comum em crianças alimentadas com mamadeira, sendo maior o efeito com o uso prolongado (risco 1,8 vezes maior);
  • maior incidência de otite média aguda e recorrente, tanto com o uso de mamadeiras quanto de chupetas;
  • possível aumento na incidência de candidíase oral e de parasitoses intestinais;
  • uso de materiais potencialmente carcinogênicos (N-nitrosaminas);
  • possibilidade de sufocação da criança;
  • mordidas abertas;
  • o palato (céu da boca) sobe e diminui a passagem de ar pelo nariz;
    pode causar apnéia noturna;

CURIOSIDADE:

Nos EUA as chupetas recebem o nome de “pacifiers”, que significa “pacificadores”, ou “ me deixa em paz”. O lactente, no seu primeiro ano de vida, está na fase oral de seu desenvolvimento psicossexual e a amamentação em livre demanda (sem horários) é capaz de suprir por si só esta necessidade de sugar, a chamada sucção não nutritiva.

Moffat (1963) afirmou que o mais comum de todos os hábitos bucais é o da sucção de polegar. "No período do nascimento até dois anos, a sucção é uma ação normal para a sobrevivência dos bebês, necessitando sugar vigorosamente para retirar o leite do peito da mãe, tendo depois da alimentação, ambos os instintos de fome e sucção satisfeito” (in: ENFOQUE, de Gabriela D. de Carvalho).

Por isso, hoje eu acredito que se a mãe tem a informação completa sobre o produto, ela poderá fazer sua opção informada. Aí sim, sua opção será verdadeira."

Sem comentários: