sexta-feira, 15 de julho de 2011

Estaremos a caminhar para a Matrix?


Cada vez mais o cenário do filme Matrix me parece mais real.
Humanos controlados por máquinas, vivendo fechados no seu "casulo", vivendo uma realidade virtual orquestrada por uma rede de máquinas... Parece-vos amalucado?
Pensem comigo: cada vez mais há mais casais com problemas de fertilidade, derivados do ritmo e hábitos de vida nefastos que levam (cada vez planeiam ter filhos mais tarde, alteram os seus ritmos hormonais para não engravidarem, usam roupas e têm hábitos que fazem decrescer a mobilidade e contagem das suas células reprodutoras). Depois têm que recorrer a clínicas para conseguir engravidar. Logo aí, é uma gravidez "mecânica", "induzida", e considerada de "risco". Durante a gravidez, mesmo que obtida naturalmente, somos invadidos por uma série de exames, análises e consultas que temos que fazer senão corremos o "risco" de fazer mal ao bebé ou a nós. A maior parte das grávidas não é informada acerca das fases de crescimento do seu bebé, de como comunicar com ele, de interiorizar como o vai fazer sair. Ao invés disso, as visitas ao consultório concentram-se em números num papel, em pontos em rectas de percentil, em positivos ou negativos em resultados de exudados. A maior parte das mulheres marca no calendário o dia em que está fértil e depois mais tarde, o dia em que a criança TEM que nascer. Se não nascer naquele dia, naquela hora, a criança e a mãe poderão "sofrer". O relógio (outra máquina), regula a concepção e o nascimento. Que mensagem estaremos a passar para a nossa descendência, se até a decisão de quando querem nascer lhes tiramos?
Depois de nascer, o relógio volta a controlar as nossas acções: hora de mamar, duração da mamada, hora do banho, hora do colo, hora da canção, hora de dormir. E ai do bebé que não cumpra o horário. É logo catalogado de "difícil", e milhentas técnicas são aplicadas: chucha, fraldinha, enrolar o bebé, música, aparelhos que imitam o coração da mãe, gravadores que imitam a voz da mãe, suplemento para dormir mais tempo, luz para não dormir tempo demais...
Assim que se sentam, pômo-los a ver TV para podermos ir à nossa "vida".
Assim que têm alguma destreza, pômo-los a mexer no computador para estarem distraídos.
Assim que conseguem, pômo-los a jogar consolas para não nos chatearem...
E depois queixamo-nos que as crianças sabem cada vez menos socializar, sabem cada vez menos comunicar, saem cada vez mais tarde do seu mundo, onde nós nunca quisémos entrar...
Muitos de nós, (eu incluída), passamos mais tempo à frente de um ecran do que a partilhar a nossa VIDA com as pessoas que nos geraram ou que nós gerámos.
Depois, quando adoecemos, precisamos das máquinas para nos avaliarem, para nos manterem vivos... Finalmente, a última máquina de que precisamos é uma escavadora ou uma inceneradora...
Não estou contra as máquinas, contra o seu uso, mas estou contra o seu abuso. Contra o acefalismo que nos leva a viver na Matrix, quando para lá da nossa porta, ou para dentro do nosso ventre, há todo um mundo que nos quer e que precisa de nós...
Para onde caminha a Humanidade?
As famílias são cada vez menores, cada vez mais velhas, cada vez mais distantes. Com a importância do imediato, a nossa capacidade de esperar e de dar tempo à aprendizagem e à partilha tem sido drasticamente reduzida. As relações são curtas demais porque cada vez menos há capacidade de integrar outra vontade que não a nossa. Nascemos e vivemos tanto tempo na nossa redoma, que não sabemos sair dela ou viver com mais ninguém lá dentro. É mais fácil descartar tudo e procurar algo mais fresco. É assim, a nossa Era, a Era do Descartável. Em que as emoções já são só pseudo-emoções, porque as vivemos por telefone, por email, por video-chamada. Até que olhamos à nossa volta e vemos que já não há ninguém que cuide de nós e aqueles de quem cuidamos já não têm tempo para nós. E aí percebemos como também nós, temos um prazo de validade...

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