quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Quando é a altura certa para pôr os nossos filhos com outras crianças?

Seja numa ama colectiva, numa creche ou num ATL, quando é chegada a altura de soltar amarras?
Connosco sempre foi um processo muito intuitivo.
Até hoje a moyinha sempre dormiu connosco (na mesma casa, visto que há um mês para cá já dorme no quarto dela): nunca pernoitou fora de casa sem nós (isto porque ainda mama esporadicamente de noite e nós sentimos que ela ainda precisa de nos sentir por perto).
Até aos 7 meses poucas foram as vezes que estive mais de 2 ou 3 horas longe dela. Mas depois, com o regresso ao trabalho tinha que arranjar alternativas pois não a podia levar comigo. A avó materna foi uma grande ajuda (porque mora mais perto e já está reformada), recebendo-a ou vindo cá para casa no horário que eu estivesse fora e, a partir dos 10 meses, contratámos uma ama para ficar cá em casa com ela durante as manhãs (a avó completava o horário à tarde). E foi uma benção dos céus a ama que nos calhou: é muito querida, adora a moyinha e trata-a como se fosse sua própria neta. Tem muita paciência para ela, brinca e conversa com ela, leva-a ao parque, etc, etc. Nota-se que tem gosto em estar com a menina e saudades quando não está com ela. A moyinha também morre de amores por ela: fala nela, nas brincadeiras, na comida, etc.
Foi também muito bom termos possibilidades de lhe dar esta experiÊncia: apesar de pagar um pouco mais, preferi adiar a entrada numa creche a tê-la mais horas com "ocupada" num colégio.
Até aos 2 anos notámos que ela estava feliz assim. Via os amiguinhos 1 ou 2x por semana, ia ao parque quase todos os dias e sempre foi muito sociável com as crianças e outros adultos, após os primeiros momentos de timidez. Porém, a partir dos 24 meses notámos que havia um súbito interesse e desejo em estar com outras crianças: pedia para ir ao parque "brincar com os meninos" e nas festas ou encontros chorava ao se vir embora porque queria continuar a brincar com os meninos. Assim que a largávamos, nem olhava para trás, ia logo a correr meter-se com todas as crianças que encontrava. Embora não entenda ainda a noção de escola, quando começou a perceber que na escola se reuniam meninos para brincar e fazer actividades; e que havia meninos que iam à escola todos os dias, começou a pedir para ir para a escola também e chega a chorar que quer ir. Então começámos a procurar colégios. Mas como eu acredito que as crianças têm um forte elo com um cuidador principal até por volta dos 3 anos e encaram a presença constante e contínua de outras crianças como competição até esta idade (não sei onde está o artigo onde li isto, mas penso que a Jane Liedloff e a Laura Gutman falam neste período de 36 meses nos seus trabalhos), queria arranjar um local que aceitasse a moyinha apenas algumas horas por semana, para que ela pudesse continuar com a sua rotina habitual mas começar a lidar com o facto de poder vir a estar na escolinha e disfrutar da companhia de outros meninos e outro tipo de rotina. Infelizmente, muitos dos colégios que encontrei não aceitam crianças em part-time...
Entretanto encontrei um local perto de casa que não é uma creche mas que recebe crianças num horário reduzido. Foi ouro sobre azul. Embora não pratique a nossa filosofia de parenting, as vezes que o visitei pareceu-me muito simpático e decidi experimentar: a moyinha adorou e no primeiro dia nem queria sair de lá. Agora fica lá 2x semana e apesar de a ter notado mais nervosa e carente em casa, não parece ter havido outras alterações à sua normal forma de estar.
A idade de entrada numa instituição, seja a tempo parcial ou total, não deve depender da idade da criança mas da sua desenvoltura emocional, e da situação actual do laço mãe-bebé. Por vezes a criança recusa-se a ir à escola porque está a reflectir os pensamentos e anseios da própria mãe... Até ao primeiro ano de vida (há quem diga 2 a 3 anos inclusivé) está provado que a criança (embora por vezes não pareça) está intimamente, emocional e fisicamente ligada à mãe (aliás a um cuidador principal) e só depois disso é que é geralmente recomendada uma separação. É o chamado attachment environment, em que a criança tem a sensação de segurança porque está com uma ou duas pessoas constantemente, que a conhecem e com quem ela se sente bem. Dr. Nills fala de um primary caregiver ou commited constant caregiver (a partir dos 3:00):



Cada situação deve ser avaliada individualmente e se os pais, por maiores sacrificios que façam (lembrem-se que a infância dos vossos filhos passa num instante e não volta mais), conseguirem esperar até à altura correcta para os enviarem para a escolinha, melhor será a experiência para todos...

Sem comentários: