domingo, 12 de abril de 2015

Opções de parto em Portugal (Finalmente!!!)

E eis que a Páscoa de 2015 trouxe alvíssaras de Aleluia às Mulheres Portuguesas.
Depois de terem fechado a hipótese de dilatar ou parir na água no Hospital Público de Setúbal em Julho de 2014, o cenário estava (novamente) francamente mais sombrio...


Mas eis que uns meses depois desta notícia, surge agora a primeira Casa de Partos não-secreta!!! Que também providencia apoio a parto domiciliar se for necessário. Finalmente!! Graças às estrelinhas todas que dois dos principais e excelentes profissionais do atendimento à grávida e ao parto domiciliar se resolveram juntar para tornar este sonho em realidade!
Chama-se Ninho de Cegonha e fica no Barreiro (Vila Nova de Poiares, a 40Km de Coimbra). O Enfº Especialista em Saúde Materna e Obstétrica, António Ferreira, e a Parteira holandesa radicada em Portugal há vários anos, Mary Zwart, uniram-se para dar vida a este sonho. Uma casa aberta ao parto fisiológico e disponível a encontros de temáticas relacionadas com o ciclo feminino.
Em breve actualizarei o post com mais informações.

Hoje as opções para nascer em Portugal são:

- no domicílio, de forma não-assistida ou assistida por um profissional certificado (mas não regulamentado), como um(a) Enfermeiro(a) Especialista ou Parteira(o). Há vários profissionais que o fazem, de forma individual ou já em equipas de 2. Os preços variam, podendo ir de c. de 500€ a 1.500€.

- numa Casa de Partos: um local privado, dirigido por um ou mais profissionais de saúde, mas onde o parto fisiológico em gravidezes de baixo risco impera. Geralmente há um protocolo de transferência para hospital em caso de complicações. Em Portugal actualmente há duas casas assim, uma clínica particular, em Cascais, dirigida por uma obstetra; e a que divulguei no início do post, dirigida por dois enfermeiros-parteiros. Ainda não sei preços de qualquer uma destas casas.

- no Hospital: em hospital público, sendo que o Estado Português suporta os custos do processo, do pessoal qualificado e do internamento; ou em hospital privado, onde a grávida suporta os custos total ou parcialmente, se tiver seguro de saúde correspondente. Um hospital privado pode cobrar por um parto desde 1.500 a 6.000€, dependendo das intervenções decorridas. A grande diferença, fora os custos, de uns para os outros é que nos públicos é raro o pai (ou acompanhante) poder assistir ao parto (mesmo que esteja presente durante a dilatação) ou pernoitar com a família. Geralmente nos privados a mulher tem um quarto individual ou duplo e é habitualmente tratada com maior deferência que nos públicos. Infelizmente, há maior registo de partos mais interventivos nos hospitais privados. Os primeiros cuidados ao bebé também são mais apertados em hospital, onde muitos procedimentos são efectuados rotineiramente, mesmo não havendo necessidade de submeter o recém-nascido aos mesmos. Por estas razões muitas mulheres agora elaboram e entregam os seus Planos de Parto (o que é isto?) durante o seu seguimento ou ao serem admitidas em trabalho de parto, por forma a que os profisionais de saúde possam inteirar-se das suas preferências e evitar intervenções rotineiras "só porque sim".

O parto na água agora só está disponível no domicílio, nas Casas de Parto e em 3 hospitais privados da região do Porto, o da Ordem da Lapa, o da Boa Nova e o de Alfena (os dois primeiros têm piscina de parto; mas em todos fica a cargo da grávida levar os profissionais especializados neste tipo de partos). Há uma equipa de enfermeiros do Espaço Gimnográvida (também no Porto) que ao que parece, faculta este serviço. Mas também não sei dizer preços por enquanto.

Opcionalmente, e independentemente do local onde for o parto, um casal pode sempre optar por contratar uma Doula, uma pessoa que acompanha o casal durante a gravidez, e/ou parto e/ou pós-parto, apoiando a grávida (e o pai) fisica e/ou emocionalmente e através de informação das mais recentes evidências científicas publicadas. Há várias entidades que formam estas pessoas em Portugal e no estrangeiro. Por cá, há Doulas independentes e as Doulas associadas, que podem vir de 3 origens: a Rede Portuguesa de Doulas, a Associação de Doulas de Portugal e a Bionascimento.
Neste momento está-se a tentar que a Doula seja mais aceite nos partos hospitalares, em que não é bem-vista pelos outros profissionais que aí trabalham por estarem erradamente convencidos que a Doula interferirá com o decorrer do parto. A Doula não interfere ou realiza actos médicos, apenas acompanha, apoia e fundamenta os desejos da grávida/casal durante todo o seguimento. É na realidade, uma mais-valia já academicamente comprovada, que pode fazer a ponte entre a grávida/casal e os profissionais de saúde que a/os assistem, pois já privou mais tempo com eles e já conhece as suas preferências e sinais. O custo de uma Doula durante a gravidez, parto e pós-parto pode variar entre os 200 e os 600€.

Todas estas opções são de livre escolha por parte da grávida/casal e deveriam ser oferecidas e comparticipadas de igual modo para que a decisão coubesse à mulher. É pena que as seguradoras ainda fechem os olhos às evidências e aos exemplos flagrantes de países mais desenvolvidos, e continuem sem ter planos de cobertura para partos não-hospitalares... seria um grande avanço para promover formas mais fisiológicas de parir - e tão seguras quanto as outras,- e daria oportunidade económica a quem quer recorrer a elas, já para não falar que sairia mais vantajoso para as seguradoras, visto que um parto fisiológico tem muito menos intervenções e por isso menos custos, que um outro dito natural porém medicalizado...

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