domingo, 19 de julho de 2009

Amamentar - parte 2


Não vou falar sobre os mitos da amamentação. Aqui e aqui podem encontrar excelentes artigos sobre eles.

Não vou falar sobre os riscos da administração do leite de fórmula. Aqui podem encontrar info sobre o leite artificial e aqui sobre como o uso precoce (antes da amamentação estar bem estabelecida) de chuchas, tetinas ou mamilos de silicone pode prejudicar o aleitamento materno.

Gostaria de falar sobre os benefícios do leite.
Nos sites que incluí na parte 1 deste blogue podem ler muito sobre as vantagens do aleitamento materno.

Nos dias que correm há que falar sobre isto porque amamentar já não é o que era; Agora as mães têm "mais que fazer" e muitas alternativas. Dantes era fácil: o conhecimento passava de mãe para filha e se não era a mãe a amamentar, seria uma parente aleitante ou ama de leite, visto que não havia nada que substituísse o leite... E por isso, com a entrada da mulher para o mercado de trabalho e a consequente aparição de oferta de produtos artificiais, o conhecimento do aleitamento materno foi ficando para trás...

Os estudos científicos sobre o assunto, antes patrocinados pelas empresas que vendiam os produtos artificiais, começam agora a investigar as propriedades do leite materno, tendo vindo a descobrir qualidades espantosas!

Só queria deixar aqui um resumo sobre este fantástico alimento:

O leite materno varia ao longo:
- dos meses
- do dia
- da mamada
ou seja, nunca têm uma composição fixa (como a dos leites artificiais).
Nos primeiros dias chama-se colostro, umas gotas de líquido amarelado, muito rico em nutrientes e anticorpos, que tem um efeito laxante que ajuda o bebé a expulsar o mecónio dos intestinos. Muda com a subida do leite (entre o 2º e o 7º dia) e novamente ao primeiro mês de vida e penso que ao 3º ou 4º também.
Ao longo do dia vai variando de composição consoante a procura do bebé
Ao longo da mamada varia o teor de água e gordura (primeiro mais água, e depois maior quantidade de gordura).

Não deve haver tempos pré-estabelecidos de frequência ou duração das mamadas: Pelo menos nos primeiros meses, o bebé deve poder mamar quando quiser e durante o tempo que ele quiser (i.e., em livre demanda).
O leite materno, visto ter composição inconstante, não é digerido sempre no mesmo tempo limite. Além disso, as condições ambientais em que o bebé se encontra vão determinar os seus gastos energéticos. Assim, o bebé pode ter fome ou sede em tempos diferentes e não em intervalos fixos e regulares. É também natural que o bebé amamentado com leite materno faça intervalos mais curtos que o bebé alimentado artificialmente, pois as moléculas de leite materno são mais pequenas para serem mais facilmente digeríveis pelo bebé, daí que a sua digestão seja mais rápida.
O tempo que cada bebé demora depende do seu poder de sucção e do nº de ductos (canais por onde sai o leite) activos no mamilo da mãe. Se uma mãe tiver apenas 3 ductos, o bebé vai demorar mais tempo do que se tivesse 8 ou mais.

Não há limite etário para dar de mamar
A OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda que a amamentação seja o alimento exclusivo do bebé (i.e., sem dar mais alimentos ou bebidas, mesmo água, desde que se amamente em livre demanda) durante os primeiros 6 meses de vida, sendo que dos 6 aos 24 meses pelo menos, aconselha a amamentação complementada de outros alimentos.
Apenas é importante que a mãe e o bebé/criança se sintam satisfeitos com o acto.
A mãe tem que ter em conta que ao amamentar o bebé não o está só a alimentar, mas também a proteger contra doenças (com os anticorpos que possui e envia através do leite) e a fortalecer o vínculo afectivo para com o seu bebé (além do sabor, ele sente o seu toque, calor, cheiro e ouve o seu coração: os 5 sentidos são estimulados e ajudam a elevar e manter a sensação de segurança no bebé).

Só uma nota de atenção: cuidado com as avaliações de percentil. Já existem percentis adequados aos bebés amamentados em exclusivo (são diferentes dos de bebés alimentados de leite artificial): peçam-nos ao vosso pediatra ou imprimam-nos da internet (aqui) e mostrem-lhe. Para além disso, não somos todos da mesma altura e peso, e o percentil é uma média que deve ser tida em conta com a fisionomia familiar e com outros factores como o desenvolvimento psico-motor. Ou seja, mesmo que um bebé esteja no percentil 5, se estiver activo, saudável e estiver com os sinais de desenvolvimento adequados à sua idade, está perfeitamente bem.

Se tiverem leite a mais ou a menos, sempre podem recorrer ao novo banco de leite humano da MAC. Se quiserem doar só têm que estar a amamentar e contactar a MAC. Eles dão o equipamento de recolha e vêm a casa semanalmente recolher o leite.

Em resumo, muita mama!

Sem comentários: