terça-feira, 19 de junho de 2012

Mais considerações sobre o desmame

No inicio do mes falei sobre o desmame. E houve uma mamã que partilhou connosco o seu cansaço. Cansaço que qualquer mãe, aleitando ou não, sente uma ou outra vez, ou todos os dias... Particularizando para o aleitamento, muitas vezes não se fala dos períodos de "nojo" que sentimos. Muitas mulheres não admitem que os têm, muitas mulheres sentem-se envergonhadas ou culpadas por os sentirem. Eu tenho uma visão muito mais pragmática da coisa. É NORMAL. É normal sentirmo-nos cansadas de dar de mamar. Sim, é uma partilha única, sim é um acto de amor e carinho, sim é só benefícios para nós e para os pequenos, sim é muito mais fácil que o leite artificial. Mas às vezes custa. E falo para as mães que chegaram aos 6 meses de aleitamento exclusivo e continuaram. E que passaram os 12 meses de amamentação continuada e continuaram... E ultrapassaram os 24 meses mínimos que a OMS recomenda a amamentação complementar. E por vezes mais meses ainda. Mas há dias em que olhamos para o lado e vemos aquela mãe que já não dá de mamar e não têm um miúdo a tentar saltar-lhe para o peito assim que cai ou que vê uma cadeira para se empoleirar. Há dias em que gostávamos de ir à wc sem um apêndice agarrado à mama ou mesmo deitar-nos sem lapas pegadas aos mamilos. É NORMAL esta repulsa esporádica e faz parte do processo de desmame natural. São estes momentos que ajudam as mulheres a conseguirem distanciar-se um pouco do processo e começarem a dizer não. Chocante? Talvez. O acto de amamentar deve ser continuado enquanto mae e criança o desejarem. E se às vezes a criança dirige esse desmame, muitas mais vezes ele é orientado pela mãe, informada ou desinformada. O desejável é a mãe estar informada dos benefícios e esclarecida dos mitos associados à amamentação e normalmente o que acontece é que consegue combater os momentos de "nojo" com maior facilidade ou durante mais tempo. O facto de partilhar e ter outras dicas sobre como ultrapassar certos problemas é um grande incentivo também à continuação da amamentação. Mas chega a uma altura em que - se a criança ainda não desmamou por si - a mãe começa a sentir uma necessidade de libertação (geralmente entre os 18 e os 48 meses). Não falo da necessidade de ir ao shopping ou de má vontade. É algo que vem de dentro e que não dá para explicar... Muitas de nós sentem vergonha porque fomos doutrinadas durante toda a gravidez e primeiros anos a dar tudo de nós, a saber que a amamentação é o melhor para todos e de repente, sentimos a repulsa e parece contra-natura... Por vezes se ousamos dizê-lo em voz alta para com outra lactante, ainda nos habilitamos àquele olhar reprovador... Pois o que defendo é que esses períodos são normais e fazem parte do crescimento nosso e deles. Do início do fim. Não é hoje, não será amanhã, mas significa que o desmame começou. Há que dizê-lo e admití-lo.

A moyinha ainda pede bastantes vezes para mamar. Não é linear: às vezes passa o dia todo sem mamar, penso que até já houve dias em que não mamou. Mas há outros em que pede para dormir, pede para acordar, pede porque tem fome, pede porque tem sede, pede porque caiu, ou porque está com sono. Pelo menos, tenho sempre a solução comigo :) Mas noto que reage muito melhor agora quando lhe peço para aguardar ou lhe explico que naquela altura não dá. Continua sem vergonha de pedir ou de tentar sacar a minha mama para fora da roupa, apesar do que as pessoas a nossa volta por vezes comentam (e que eu peço para não o fazerem): "Então não tens vergonha? Ainda mamas? Até quando?" enfim

2 comentários:

Susana Andrade disse...

Olá, conheci o teu blog pelo premio mãe bogger e estou a gostar de te ler. Eu tenho um bebé de quase 9 meses e dei o peito em exclusivo até aos 6 meses e ainda dou mesmo que com as sopas e fruta e até dou mais do que muitas mãe que conheço dão nesta mesma altura, mutas apenas dão de manhã e à noite (constrangidas pelo emprego, talvez) e eu umas 4/5 vezes ao dia, mas depende da vontade do meu filho . Como estou desempregada estou a tempo inteiro com ele e ainda bem que estou, pois permite-me acompanhar o crescimento dele e proporcionar-lhe uma amamentação relaxada, sem bombas (apesar de ter uma que até usei bastante). É tão mas tão prático amamentar, qual LA qual quê, o meu leitinho está sempre morninho e pronto a servir e a matar a sede e fome. Tenciono continuar ! Esta noite passada pela primeira vez em quase 9 meses de vida do meu filho dormi sem soutien e discos de amamentação, um alivio mesmo e como as mamas já não empredram como antigamente, mas enchem à mesma, já posso fazê-lo.
Bejinhos ;o)

moya disse...

Olá Susana! Obrigada pelo comentário :) Se já houve uma mamã a chegar ao blog pelo prémio mae blogger, já fico contente por ter participado :) PArabéns pelo teu bébé e pela vossa lactância continuada :) Pois, eu costumo dizer que dou de mamar porque sou muito preguiçosa! É que dá muito menos trabalho que tudo o resto :) e a verdade é que há inúmeros benefícios, tanto para nós como para eles, e que a opinião generalizada de público e profissionais denigrem: "ah isso já não presta para nada", "o leite já nao faz nada nesta idade"... Há um artigo muito giro chamado "quando o leite vira água" que fala sobre este tema. É normal que agora já não sintas as mamas a enrijar. Não quer dizer que tens menos leite ou pior. Significa que a produção se ajustou às necessidades e as tuas mamas já controlam melhor a coisa :) Boa continuação :) e parabéns pelo teu blogue ;)