sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Adaptabilidade

Já passei por aqui várias vezes mas a indisponibilidade de tempo para me sentar e escrever direito (pensando e repensando como gosto de fazer), e a imediatez das redes sociais (who am I kidding, do Facebook) faz com que este blogue esteja perto de uma cidade fantasma que visito para verificar pormenores da evolução da moyinha quando a cabeça me falha (que, diga se de passagem, é já bastantes vezes). Sei que devia estar a fazer o mesmo para as gémeas - e prometo um post mais completo a celebrar o seu segundo aniversário para breve, - e que me vou arrepender amargamente um dia de não o ter feito, mas sinto que estou a viver mais e a relatar menos nesta 2ª maternidade que vale por 3.

E já divaguei.
O que me traz a esta hora insana aqui é a adaptabilidade. MAis concretamente a importÂncia da nossa capacidade de adaptar e de ler a individualidade de cada bebé.
Vamos ser francos, a maternidade de um é cheia de utopias e princípios, mas quando se tem que lidar com dois, e neste caso com mais dois bebés vai (quase) toda a teoria pelo cano... Para mim, duas coisas tornaram-se fundamentais: o estabelecer de uma rotina (não rígida, mas ainda assim, reconhecível) e o não criar muitas expectativas quanto aos objectivos a cumprir em cada dia. Principalmente, levar um dia de cada vez. Não se fez hoje? Amanhã também é dia. Isto foi um excercício muito interessante para aprender a priorizar as tarefas: "Ok, deixa cá ver o que tem MESMO que ser tratado hoje... tudo o resto pode ficar para depois".
E pronto, já divaguei novamente...

O que eu queria mesmo abordar é o tema das noites, a.k.a., amamentação e sono.
Sim, Elas já tÊm quase 2 anos (!!!) e ainda mamam. Geralmente a pedido. Embora eu já lhes diga que não ocasionalmente pois já compreendem e já têm alternativas alimentares e de conforto.
Mas como sempre fizemos co-cama (co-sleeping na mesma cama, i.e. com um berço ou colchão ao lado para aumentar a área útil dormível) elas ainda não dormiam noites completas (i.e., períodos de pelo menos 6h seguidas) - pelo menos uma delas não o fazia, pois a Inês dá-me ideia que já o fez várias vezes e até faria mais não fosse ela acordar com o barulho ou movimento da Rosa.

Gosto muito de lhes dar de mamar e geralmente é-me muito conveniente - ter um lanche e conforto sempre ao pé - mas diga-se de passagem, quando isso interfere com o nosso descanso nocturno, perde a graça muito rapidamente. Tal como com a moyinha, também com as gemeas não tive a sorte de conseguir amamentar a dormir. O primeiro ano porque por mais cansada que eu estivesse, elas acordavam para mamar aos gritos, literalmente, e acordavam-me. depois é muito certa a história das mães estarem mais disponiveis para o contacto durante a noite e as crianças compensam assim a falta de atenção diurna, e também o facto da prolactina ser mais elevada de noite, mas se tiverem dois bebés a acordar pelo menos 2x durante a noite para mamarem ~15-20min... mais a muda da fralda enquanto estão só a mama... façam as contas...
Há praticamente 3 anos que não durmo 6h seguidas (porque também me fartava de acordar com desconfortos durante a gravidez delas), e isso em alguns países já é considerado uma forma de tortura.

Com a Moyinha, iniciei o desmame nocturno por volta dos 22 meses, altura em que ela me deu um MÊS a acordar de hora a hora TODOS os dias. Ela andava cansada, irritada e com olheiras e eu nem se fala mas isso podem ler aqui no blog noutro post. Com estas tentei começar aos 18 meses mas não deu em nada pois o meu marido andava a trabalhar fora, entretanto mudámos de casa e de país. O desmame nocturno faz-se melhor em equipa (porque se for eu a atendê-las quando choram de noite elas exasperam porque não compreendem porque não lhes dou mama) e geralmente deve ser feito em momentos em que o bebé esteja estável e não durante uma adaptação a uma situação nova...
Assim, ainda tentei algumas vezes mas era muito difícil e acabava por ceder. Com o verão e o cansaço das actividades do dia, tornou-se mais fácil elas dormirem melhor de noite. Na época da praia penso que até consegui que dormissem uma noite sem acordarem! Mas depois voltaram ao mesmo: 1 a 2x/noite. Então decidi fazer outra coisa diferente: passá-las para o quarto com a irmã mais velha.

Já com a moyinha (com certeza também está aqui no blogue) ela só mudou para o seu quarto quando quis, que foi por volta dos 2 anos e meio - 3 anos, embora as madrugadas ainda fossem passadas na nossa cama. Mas também notei que depois do desmame nocturno e da passagem para o seu quarto passou a dormir muito melhor...
Nunca pensaria em pô-la no quarto sozinha sem que ela quisesse ou demonstrasse capacidade para o fazer. Já estas pinipons, não tÊm maturidade nenhuma para tal mas, como são duas, e estão no quarto com a mana, não se sentem sozinhas e acham divertido. Tentei isso umas noites durante o verão e correu bem. Agora no final da epoca estival, ao regressarmos a casa, mudei mesmo o berço delas para o quarto da mana. Estupidamente, fi-lo à frente delas e a coisa não correu muito bem. A InÊs ficou muito irritada e desesperada, pois pensava que estavamos a desmanchar a sua cama, embora eu lhe explicasse que era para ela dormir. Depois percebeu que era para o quarto da mana e achou que era para a Joana e continuou no pranto... Só dizia: "Meu! Nené!" Mas depois lá percebeu que era para elas dormirem ali... A primeira noite foi a excitação total que deu azo ao caos... Já estavam cansadas, já era tarde, ainda lhes dei mama mas depois não queriam largar a mama e deitar-se... Fiz massagens nos pés com oleo de coco com OE de alfazema, como de costume, cantei uma canção, acho que até li uma história, mas depois continuavam histéricas. Foram 2h para as adormecer. (Mas quando não estão cansadas, isso é o normal). Na noite seguinte, fiz as rotinas de sono e depois dei mama mas saí do quarto antes de adormecerem e o pai ficou com elas... choraram, guincharam, chamaram por mim... A certa altura não resisti e entrei e embalei a mais sentida - a Inês - até adormecer. Foram 5min com ela no meu colo caladinha mas a soluçar... Não gostei nada daquilo mas o pai tinha insistido. Na noite seguinte decidi fazer as rotinas e dar mama e depois, como continuavam acordadas e a brincar, embora deitadas, decidi sair do quarto discretamente. Levantei-me e elas ficaram com a mana a dar ordens de mãe: deita-te, vou por a musica, vou ligar a luz, vou buscar água para beberem. Mas passados 20minutos estava tudo em silêncio e estava tudo a dormir. Gostava de dizer que foi a noite toda, mas como podem ver pelo post, não foi: acordaram perto das 4h para mamar. Podia dar-lhes um biberon de papa rala mas, a experiência das noites anteriores não foi muito boa: embora gostem da papa de dia, de noite atiram com o biberon para longe. DEi de mamar e deitei-as novamente no berço. A Inês estava acordada e dei-lhe um beijo dizendo que ia só lavar os dentes e já voltava. Ainda demorei um bocadinho na WC e depois ao sair olhei para a porta do quarto delas fechada: "entro ou não entro?" Silêncio no quarto. "Se ela já tiver adormecido, posso acordá-la. Se estiver acordada, vai querer que eu lhe pegue e chorar se eu não o fizer"... "No entanto, se ela estiver acordada e vir que não apareço como lhe prometi, é capaz de começar a chorar também". Criei coragem e abri a porta: cheguei perto do berço e lá estava ela, deitada mas de olhão aberto. Fez um grande sorriso quando me viu! Dei-lhe dois beijos na testa, passei-lhe um boneco que ela atirou para fora do berço e depois outro que prontamente agarrou e nisto deu-me outro sorriso, virou-se para o lado e fechou os olhos. Aconcheguei-a com a manta e beijei-a novamente na testa. E saí, de coração cheio.
Adoro dormir com elas, ouvir a sua respiração, sentir o seu cheiro, o seu calor, mas sei que o desmame nocturno vai ser muito mais fácil com elas a dormir longe do cheiro do meu leitinho.

E a história seria idílica se terminasse aqui, mas passados 10min acordou novamente a Rosa e pediu para mamar...
Keep it real, keep it simple... Vai haver dias (e noites) bons e outros menos bons. Vai haver avanços e retrocessos. Mas nada é mais certo do que o passar do tempo e este tempo também irá passar, mais rápido do que pensamos, e irei ter saudades da altura em que mediam metade de mim e precisavam fundamentalmente mim para o seu conforto...

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