terça-feira, 25 de outubro de 2011

O mais importante na maternidade é...

... a criança.
Escutá-la.
Respeitá-la.
Amá-la.

Dizem-me que tenho sorte com a moyinha. Que é uma criança adorável, que é muito sociável e brincalhona, tem um desenvolvimento precoce para a idade e responde muito bem ao que lhe é pedido. Sorte? Não concordo...

Tive há uns tempos uma conversa sobre uma criança com sintomas de hiperactividade.
Na minha opinião, a situação não é uma doença. É um comportamento condicionado. Condicionado pelo carácter da criança, mas também pela forma como é tratada.
O melhor de tudo, para mim, é que é um processo reversível. Com amor e empatia. E paciência.

Nessa conversa, eu emiti a seguinte opinião: "A X não estava preparada para ser mãe", mas mais tarde comecei a pensar no assunto... E em como foi terrivelmente injusto da minha parte dizer aquilo.
Na nossa sociedade, mesmo com toda a preparação do mundo, poucas são as mulheres que estão preparadas para ser mães pela primeira vez. Comigo incluída.
Fazemos o melhor que podemos, queremos o melhor para os nossos filhos, mas até que ponto é que sabemos realmente o que é melhor para eles?
Hoje em dia o nosso conhecimento supera a nossa intuição. Há já muito poucas mães intuitivas, i.e., que agem segundo os sinais que a criança lhes dá e não segundo as instruções do pediatra ou do último livro da moda sobre pedopsicologia... Não digo para não termos estas informações em conta, aliás, quanto mais se ler e se falar, em grupos de apoio, entre família, mais "afinadas" vão estar as nossas opiniões e decisões. Mais seguras estaremos do que queremos ou não queremos fazer no crescimento do pequeno ser humano que pusemos cá para fora.
Mas acima de tudo, devemos parar (de agir sobre o nosso bebé). Escutar (o nosso bebé). Reflectir (sobre o que ele nos estará a dizer). Ouvir o que nos diz o nosso coração (e passar a agir COM o nosso bebé).
Não é fácil.
Nem sempre conseguimos.
Mas quanto mais o fizermos, mais a relação com a nossa prole vai melhorar.
Quantas vezes eu ouvia a minha moyinha chorar, e irritada pensava: "mas o que será que ela quer agora? estou 24h/24h com ela, já lhe dou tudo, e que mais quer ela?". Mas eu não lhe estava a dar tudo. E ela sentia-o. E queixava-se.
Por vezes, 1) ela queria mamar passado 1h de ter comido e eu pensava: "mas que raio?". Doutras vezes 2) queria que comesse e ela simplesmente recusava.
Se seguisse as "instruções", teria que 1) esperar que o relógio marcasse mais 3h para a alimentar; e 2) forçar que ela comesse as gramas todas da comida preparada.
Mas eu respirava fundo, desligava o meu cérebro e confiava nela. E fazia o que ela pedia. Não era um capricho, uma birra, é um pedido, da única maneira que eles sabem pedir: chamando a atenção ou chorando.
E acabava por descobrir que afinal, ela só estava com sede e por isso queria mamar, ou estava com um pico de crescimento, ou aflita dos dentes e pedia-me a única coisa que sabia que a ia confortar e alimentar: a mama. Na situação 2) descobria que afinal estava com um piquinho de febre ou aflita dos dentes e por isso não suportava alimentos pois iria dispender muita energia a digerí-los.
As crianças são muito mais intuitivas que nós, e sabem - se as deixarem - escutar muito melhor o seu corpo. Por isso é tão importante quando são bebés, respeitá-las nos seus desejos. Desde o início:



Por vezes parece "errado", parece "disparate", parece "absurdo", mas eu tenho visto só bons resultados quando procedo da forma intuitiva.
Quando crescem sem ser respeitadas nas suas opções básicas, podem manifestá-lo das mais diversas formas, p.e. hipo ou hiperactividade, retrocessos evolutivos, etc.
Porque se não eram verdadeiramente ouvidas, porque escutarão elas alguém?

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